terça-feira, 21 de agosto de 2012

Querem acabar conosco!
    Sei que tem muitas pessoas que irão me criticar por essa matéria, podem falar que eu não sei de nada, mas cansei da imprensa nos chamar de facções, marginais, dizerem que tem que acabar com as organizadas. Na boa, eles precisam conhecer nossas tradições, afinal, T.O tem regras, e ai daquele que não seguir o regulamento, pode ser banido, ou outras coisas diversas.
    Dizem que 95% das pessoas que vão ao jogo não pensam em briga, mas ninguém se lembra que um torcedor tem honra, ninguém sabe o que ocorre em um confronto. Se um bandido mata um policial, o batalhão inteiro quer botar a mão no cara, agora se morre um pai de família que estava passando com a camisa na rua e os "inimigos" o matam, todo mundo critica se a T.O caçar o individuo.
    Caçar é até uma palavra muito forte, mas já que todos acham que somos animais, não sabem que somos os mais humanizados. Em dia de clássicos tradicionais, somos proibidos de mexer com famílias, mulheres, crianças, trabalhadores com a camisa do clube rival, caso contrário penalidades ocorrem.
    Enquanto isso eles fuzilam o carro de um cidadão que passeava com os amigos e teve de fugir para um posto, se refugiar para não ser mais um para estatística e ainda ser tirado como vândalo, bandido até porque defunto não fala, não tem como se defender e em todo caso tem que haver um culpado. 
    Eles acham que a TO se comunica apenas por comunidades virtuais e acham que um policial consegue se infiltrar com facilidade. Para isso será muito tempo de estudo sobre o clube, a TO, seus rituais, seus personagens e coitado do infiltrado se for descoberto. Cada TO tem sua história e cada um tem sua paixão, mas quando estamos juntos, a dor de um é a dor de todos, seja em qualquer cidade, estado ou país, existe algo que nos move ao sentido único.
  Até pouco tempo atrás armas de fogo eram proibidas e algumas TOs cansadas de perder na mão começaram a se unir com alguns meliantes e até mesmo falsa escolta que as outras TOs recebem para levar vantagem e se impor, porque até então nenhuma das autoridades se preocupavam com o que estava acontecendo, porque em 1988 na primeira morte (Cleo-palmeirense) nada foi feito, agora querem culpar os torcedores.
  Não há como prevenir as brigas, afinal elas não tem hora nem local podem ocorrer invasão nas festas, ou simplesmente ocorrer um encontro ocasional em festas, pracinhas que vira um acerto de contas, nunca vai adiantar o mapeamento das regiões de encontro de torcedores para ir aos jogos, não adianta fazer cadastro e nem eliminar da lista de afiliados os que forem enquadrados, porque eles sempre vão estar presentes de uma forma ou outra, afinal proibir de frequentar estádios não inibem de se encontrarem. A rivalidade vai existir sempre em qualquer lugar.
  Dizem que usamos a camisa como desculpa, que o erro está em fornecer ingressos para organizadas, que somos pessoas com problemas de comportamento que precisam ser punidos, só falta dizer que devemos ser trancados em senzalas, com água e comida cumprindo pena de morte. Engraçado que poderiam fazer a mesma coisa com os políticos que roubam, manipulam, mentem e matam tudo por dinheiro, enquanto nos defendemos por um ideal.


  Em 24 anos foram 155 mortos, o primeiro foi um palmeirense, isso lhe dá o direito de revanche? Claro que não, vamos esperar a falha e lerda justiça brasileira resolver todos os problemas, enquanto isso já aconteceu 103 mortes por arma de fogo, 5 facadas, 4 bombas, 39 agressões, 4 atropelados, segundo as estatísticas, fora os que não foram contados e seus assassinos estão por aí matando outros e depois disto ainda querem nos chamar de Hooligans brasileiros?
   É um absurdo dizer que as coisas só ocorrem com as pessoas em grupo, porque sozinhos não fariam, ou que é para ser aceito por terceiros ou pela sensação de impunidade, e porque há policiais corruptos, seria porque eles sabem que a corregedoria só enquadra quem eles querem, e porque há moradores de comunidades que morrem em dias comuns sem confrontos? São coisas como esta que o governo deveria se preocupar, se a lei fosse igual para todos, o Brasil seria um país bem melhor.
    Se a polícia atenta-se aos números entenderia que as coisas acontecem naturalmente, em dias sem jogos foram 66 mortes - 8 antes ou após festas e 58 na rua - e 89 mortes em dia de jogo - 81 fora do estádio e 8 dentro - sendo assim como eles pretendem controlar algo que pode ocorrer em qualquer lugar, São Paulo é o estado mais violento e a polícia não consegue proteger os torcedores que vão escoltados, como que o Rio vai conseguir?
  Porque as pessoas não morrem só em clássicos estaduais como Vasco x Flamengo, Palmeiras x Corinthians, Bahia x Vitória, as pessoas podem morrer em um Coritiba x Sport, Palmeiras x Cruzeiro, Vasco x Corinthians, a coisa mais comum é a pessoa sair do seu estado e não retornar devido as emboscadas que ocorrem na estrada, um exemplo clássico é a Avenida Presidente Dutra.
   E se engana quem acha que torcedor só morre pela arma de outro, quem se lembra do dia 9 de outubro de 2005, o botafoguense W.P.A., 29 anos que foi morto durante uma confusão, quando ele seguiu correndo em direção aos policiais para fugir do tumulto e pedir socorro ele foi alvejado como se fosse bandido, e os PMs nem se preocuparam em saber quem se aproximava. E no dia 7 de dezembro de 2008, o são-paulino N.C.J., 26 anos que foi baleado na nuca antes do jogo em Brasília - Goiás x São Paulo - a TV Record flagrou o momento em que o sargento J.L.C.B. deu uma coronhada no torcedor e a arma disparou. Realmente, disso ninguém se lembra, afinal querem nos rotular como "facções organizadas", "marginais uniformizados" e esses policiais seriam o que? Os Vingadores!
Maay Aveiro

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